Este blog foi desenvolvido com o intuito de explicar de forma clara e sucinta um tema discutido além dos laboratórios. Através de um grupo de super-heróis mostramos como as energias que usamos hoje, mesmo algumas poluentes, são super importantes para o mundo. Já fizeram e fazem história. Cada super-herói e seu mascote representam uma forma de energia que utilizamos. Além dessa Super Liga Energética, temos também curiosidades da química, vídeos explicativos e muito mais...


Aprenda, pesquise e divirta-se neste território onde

sempre rola uma Química!

A Geopolítica do Petróleo



“Sangue derramado em nome do desenvolvimento”



A história do petróleo é marcada por guerras, crises e disputas político-territoriais. Emse tratando de uma fonte natural e esgotável que fornece ao mundo além de energia, a matéria-prima para milhares de produtos utilizados pelo homem todo dia, era esperado que os povos lutassem sempre para obter a posse do “ouro negro”. Através dele o mundo se desenvolveu definitivamente. A busca por fontes de energia renovável é incessante, mas a luta pelo petróleo ainda não acabou.                                                                                        
Desde sua descoberta, no final do século XIX, foi consumido de forma abundante, principalmente na atual sociedade industrial e de consumo.

Transformado em uma das mais importantes fontes de energia do mundo, ele ainda ocupa posição fundamental na base de várias economias. Atualmente, a variação do preço do barril no mercado internacional é capaz de provocar crises econômicas de grandes proporções. Desde os mega investidores até os mais simples consumidores da cadeia econômica, se transformam em um frágil alvo das oscilações do “diamante negro”. As mudanças nos preços do barril do petróleo mostram como a instabilidade política controla a oferta desse recurso. Vamos acompanhar os preços e os acontecimentos históricos relacionados ao período.     
                                    
•    1864 - 100 dólares
O primeiro poço de petróleo havia sido perfurado em 1859, na Pensilvânia, inaugurando a indústria moderna do óleo (ele já era conhecido desde 2000 a.C., mas as técnicas para obtê-lo eram caríssimas). Cinco anos depois, ocorreria o primeiro pico do preço do barril, 100 dólares, uma elevação de 100%. Naquela época, o uso do óleo se destinava apenas à iluminação residencial e à pública.

•    1899 - 29 dólares
Em 1890, o barril estava 18 dólares. Mas a fabricação em série do primeiro automóvel, o Ford T, em 1896, marca o crescimento da importância do petróleo. Ele também seria usado mais tarde para mover o avião, criado no início do século XX, e os navios.

•    1949 - 14,5 dólares
Com a depressão econômica americana em 1929, após a quebra da bolsa de Nova York, o barril do petróleo vai lá embaixo, chegando a custar menos de 10 dólares. No entanto, durante a Segunda Guerra Mundial e, principalmente, durante a reconstrução dos países envolvidos depois do conflito mundial, o consumo do óleo aumenta – assim como o preço de seu barril, que chega a 14,5 dólares.

•    1953 - 14 dólares
No Brasil, o governo democrático de Getúlio Vargas cria a Petrobrás. É o ápice da campanha “O petróleo é nosso”, em que os chamados nacionalistas vencem a dura queda de braço contra os “entreguistas”, que defendiam a abertura do Brasil para o investimento estrangeiro na exploração do petróleo. Nesse mesmo ano se instala a primeira montadora de carros no país, a Volkswagen.

•    1960 - 12 dólares
A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), grupo que une os maiores produtores do óleo, é criada em resposta a pressões das petrolíferas americanas, inglesas e holandesas pela redução do preço do barril. O plano do cartel, atualmente formado por 11 países subdesenvolvidos, é controlar o valor por meio de cotas de produção – o que fez o preço se estabilizar.

•    1974 - 45 dólares
A primeira grande jogada da OPEP se dá já nos anos 70, durante a guerra do Yom Kippur – na qual Egito e Síria brigam com Israel pelo deserto do Sinai e pelas colinas de Golan, que este país invadira na Guerra dos Seis Dias, seis anos antes. Com um boicote às nações que apóiam os israelenses, como os Estados Unidos, e mais um aumento dos preços do barril, o cartel prova sua força política de promover a desestabilização no mundo capitalista.

•    1990 - 35 dólares
A fim de controlar a entrada marítima do golfo Pérsico, já que seus próprios portos haviam sido destruídos no conflito Irã-Iraque, o presidente iraquiano Saddam Hussein decide invadir o Kuwait, fornecedor estratégico para os Estados Unidos. O governo americano, ao lado de ingleses, franceses, italianos e alguns países árabes, expulsa os iraquianos, com o aval da ONU. O preço do barril salta de 30 para 35 dólares.

•    2002 - 27 dólares
O presidente Hugo Chávez, da Venezuela, atrela sua produção às cotas da Opep e sobe o valor dos royalties pela prospecção do óleo em novos campos – e perturba os Estados Unidos, que importam 13% de seu petróleo dos venezuelanos. Em 2002, os americanos reconhecem um golpe de Estado na Venezuela, mas Chávez logo volta ao poder. O preço do barril oscila devido ao risco de uma crise política.

•    2003 - 30,5 dólares
Outro conflito de grandes proporções no país de Saddam Hussein ocorre quando o presidente americano George W. Bush decide invadir o Iraque, dono da segunda maior reserva de petróleo do planeta. A guerra é um fracasso, embora a ocupação dure até hoje. Mas, desde o início da invasão, os americanos garantiram a segurança dos poços de petróleo. O preço vai de 27 para 30,5 dólares.

2006 - 60 dólares
Os Estados Unidos já consomem 25% de todo o petróleo do mundo, mas só agora Bush admitiu que seu país depende demais do óleo. A descoberta de novas fontes de energia passa a ser abertamente considerada pelo país. O crescente declínio na oferta e as crises no Oriente Médio elevam o preço do barril. Além disso, o óleo já é visto como uma das maiores causas das mudanças climáticas.

A turma NM222 dedica esse blog ao Professor Léo Allen